Pecuária de cria no cocho? É possível?

Posted by Paulo Emílio Prohmann | Fazenda Dona Elisa - Luiziana - PR

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Novilhas na fase de recria, no que chamamos de “confinamento a pasto”

Lote de novilhas angus próximas ao cocho de alimentação

Trabalhamos com a engorda de novilhas, na verdade, trabalhávamos. Com as inúmeras mudanças observadas nos últimos anos dentro da pecuária de corte brasileira, também tivemos que alterar o rumo do nosso negócio...

Nem passava pela nossa cabeça deixar a engorda das “meninas” para entrar na atividade de cria, porém, quando fizemos contas em cima de mais contas (“a matemática é soberana”), ficou nítido que tínhamos que encarar esse novo desafio.

Nestes últimos meses, a saca do milho chegou no valor da saca de sojaa saca de soja alcançou o valor da @ do boi gordo; o boi gordo chegou no preço do café. Sem falar no bezerro, que mais que dobrou nesse período...

Desta forma, viramos criadores! Mas criadores num novo formato: ao mesmo tempo em que tivemos estas mudanças nos preços das commodities, observamos inúmeros avanços na área técnica. Hoje em dia, a IATF é acessível a todos, com excelentes resultados; a genética pega carona nessa facilidade de usar touros melhoradores de qualquer raça ou parte do mundo; a nutrição avança a passos largos, com novas opções de alimentos, aditivos e estratégias; a sanidade possibilita a segurança de intensificar sem perder a guerra para os patógenos; e a gestão controla tudo isso e nos mostra a famosa “última coluna”, o resultado.

Lote de novilhas F1 Angus x Nelore e Simental Preto x Nelore em reprodução


Em nosso caso, uma propriedade pequena, tivemos que usar muita criatividade e ousadia para levar a cria para o cocho. Isso pode soar estranho, maluco, sem cabimento para alguns. Porém, para aqueles que não têm escala e estão em cima de uma das terras mais caras do Brasil, a forma de se conseguir a tão sonhada viabilidade econômica passava, necessariamente, por caminhos diferentes, mais desafiadores.

Nossos animais permanecem os 365 dias do ano no cocho. Não se trata de um confinamento tradicional, pois são áreas maiores (estamos chamando de confinamento a pasto). Nosso desafio é produzir muita comida para atender todo o rebanho que, agora, ocupa uma área reduzida. São mais de 50 vacas por hectare nesse modelo, questão de necessidade!

Falando rapidamente sobre os bezerros, estes permanecem com suas mães até o desmame, que pode ocorrer aos 4 ou 7 meses de idade, dependendo da estratégia de abater ou reter a vaca. Desde cedo, já se acostumam com o alimento servido no cocho e, por esse motivo, a desmama acaba sendo facilitada, tanto pela adaptação à dieta quanto pela docilidade que o trato diário proporciona. Seguem, após o desmame, no sistema de cocho até serem encaminhados para terminação, no caso dos machos, ou para o programa de IATF, no caso das fêmeas. 

Há quem sustente que, quando intensificamos a produção, intensificamos os problemas. Sou adepto deste pensamento, e, por esse motivo, temos que planejar com muita antecedência nosso orçamento forrageiro e cronograma sanitário, acompanhando e auxiliando nosso pessoal a superar os desafios que se apresentam diariamente. Treinar e reciclar nossos colaboradores, estimulando a visão crítica de cada um (novas ideias!), tem trazido excelentes avanços nesse processo desafiador.  

Enfim, essa é parte da nossa história recente. Tivemos que sair da zona de conforto para buscarmos eficiência em nosso negócio e não sermos “assombrados” pela lavoura que a cada dia nos desafia. Creio que estamos apenas começando a entender a cria no cocho e seus reflexos numa pecuária de corte mais eficiente. De todo o aprendizado acumulado, uma questão é certa: tem muita coisa boa vindo pela frente!

Lote de novilhas F1 Angus x Nelore e Simental Preto x Nelore em reprodução

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